sábado, 30 de agosto de 2008

Qual o preço de nossa história?




Ao passar pela Siqueira Campos, rua das mais tradicionais da cidade, ainda me surpreendo, fico inquieto. Algo a incomodar me deixa indignado, e assim me pergunto: Como permitimos que isso acontecesse?Nossa indiferença fez com que um dos maiores patrimônios histórico-cultural de nossa cidade, desaparecesse, um erro que muito custará às gerações futuras e a nossa própria história.Na adolescência eu já freqüentava ali quando o amigo Osmar (conhecido como Vô) lá ainda residia, e confesso que naquele tempo não me dava conta da importância daquela casa, a casa do Coronel. O nome se deu por ser a casa do Coronel Domingos Ferreira, um dos fundadores da cidade. Uma construção centenária, no melhor estilo colonial, um marco da nossa história.Hoje somente um terreno cercado de alambrados e com uma placa “vende-se” formam o saudoso cenário, e em breve será visto apenas como mais um terreno, como a casa do fulano, do sicrano, uma construção nova, ou até mesmo qualquer barracão comercial.O episódio casa do Coronel, juntamente com a reforma da igreja matriz (este assunto merece um texto à parte) traz a tona uma discussão que não pode ser deixada de lado.Toda a comunidade é responsável pela preservação de nossos prédios históricos, verdadeiros patrimônios de nossa cultura.
Hoje, apenas o prédio da escola no centro da cidade, que curiosamente leva o mesmo nome: Coronel Domingos Ferreira, está tombado e protegido pelo CONDEPHAT. Melhor sorte, teve o prédio que foi residência do saudoso Dr. Herculano Ginefra e sua esposa Dna Carmela, meu amigo cirurgião dentista Dr. Fernando Ginefra, neto do casal, adquiriu da família a casa de seus avós, Fernando restaurou, eu disse, “restaurou” totalmente o prédio, conservando suas características originais, coisa de gente sensível e comprometida com a história da cidade.
A casa é uma bela e imponente construção do século passado, bem de frente a praça que leva também o nome do coronel; Isso mesmo; Praça Coronel Domingos Ferreira. Sugestivo o nome não? Então; Domingos Ferreira não era enfim, alguém de importância para o município? E a sua casa, não teria a mesma importância? Não seria mais sensato que ali fosse instalado o museu municipal ou um centro cultural?
São urgentes e necessárias a adoção de medidas sérias por parte das autoridades montemorenses no sentido de criar uma política de preservação da história de nossa cidade (embora o museu Elizabeth Aytai desempenhe esse papel com grande propriedade), bem como, toda a sociedade deve estar atenta e fiscalizar para que outras construções históricas não tenham o mesmo fim que teve a casa do Coronel, pois, do contrário, teremos em muito pouco tempo a vocação de uma cidade sem história e sem memória.A Siqueira Campos é a rua que leva ao cemitério municipal e por coincidência ou ironia do destino foi nela que parte de nossa história agonizou e morreu. A casa do Coronelnão chegou a ser sepultada no cemitério, logo em frente.
Agora descansa em paz, alí mesmo, naquele terreno baldio.